domingo, 1 de março de 2009



Estive em Pomerode, local pra lá de aprazível, onde visitei muita coisa, inclusive o museu onde entre inúmeras preciosidades estava este carro fúnebre. Ali aconteceu um fato inédito: todos podiam me ver e falar comigo! As pessoas pareciam saídas de um filme, lindas, olhos na maioria bem azuis, educadas, atenciosas, pacientes, e fiquei me perguntando por quê o índice de suicídio é tão alto. Apesar de ter aprendido com a psicologia (outra coisa inútil que estudo sempre, mais um certificado para minha imensa coleção de diplomas para utilizar - para dizer de maneira educada - como papel higiênico) que quando a vítima vive num microcosmo (mundinho fechado), as pressões para que atenda a vontade da maioria de enriquecer assustadoramente num período curto de tempo, escute insultos com a docilidade de Jesus Cristo, dando sempre a outra face, se sacrifique para financiar o que a família ou o par quer, faz com que o indivíduo decida terminar com tão dura existência. Eu sou fã dos suicidas, para mim pessoas corajosas, com uma coragem que me faz falta.
Ali fiquei imersa num verde escuro revitalizsante e voltava feliz pela estrada, imaginando quando seria minha próxima incursão naquele paraíso. Lembrando do Zoológico em que se fica pertinho de leões, onças, panteras negras (minhas favoritas), tigres, elefantes, pavões andam junto com a gente e araras podem até sentar no seu ombro. Mas elas não podiam me ver.
Chegando ao velho cemitério gelado uma surpresa: assassinaram um menor na entrada de casa e outro no fundo, deixando o funda do sobrado parecido com aqueles cenários de filmes para pessoas com idade mental de 2 anos lavado em sangue.
Fiquei olhando aquele vermelho e com saudade do verde musgo de Pomerode.
Sempre quis que as minhas cinzas fossem jogadas no mar. Acho que seria melhor que fossem jogadas no verde. Mas, isso já não tem mais necessidade de discussão.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Vida após a morte

Eu não tinha percebido que morri em 2001. Descobri isso quando percebi que não conseguia mais interagir com as pessoas que faziam parte da minha vida e era por elas ignorada. Aí um dia, assisti a um filme e entendi tudo: eu estava igualzinha a um velho ator, aliás seu personagem, falando com mortos.
Então, tentei me acostumar a vida após a morte: não foi fácil viver sempre invisível e ser enxotadas pelos espíritos guardiões dos locais em que tentava ir para me divertir. Mas, encontrei outras almas penadas por aqui e passamos a compartilhar nosso infortúnio de maneira muito alegre e divertida, só que elas iam a locais que meu espírito singelo não alcançava.
Aí recebi uma enorme contribuição na forma de um box de DVD: Dead like me!
O duro é que eu não era uma reaper, nem tinha um grupo ao qual pertencer, continuei solta neste gêlo ansiando pelo mar, praia...
Mas vocês querem saber do que morri, não é?
Falência múltipla de vantagens e recursos.
Explico:
Enquanto todos precisavam de carona, hospedagem, contribui$$ão, e eu tinha como gastar com uma série de coisas obsoletas hoje como cópias, correio, fita, cd, livro, etc... e estava próxima a MTV, eu era badaladíssima e mimada. Um dia, meu chão foi tirado debaixo dos meus pés por ameaça de servir de queima de arquivo e a necessidade de mudar de local. Na mudança foi que morri e esqueci de deitar eternamente em berço explêndido. Uma morte sem funerais torna impossível ao espírito compreender sua condição e hoje não existe mais nem o Chico Xavier, e o Gasparetto é muito ocupado, com tanta coisa mais importante para ajudar coletivamente os encarnados.
Cessadas estas condições, foi que mudei de condição.
Tentei fazer outra vida aqui no umbral, mas caí num limbo onde mulher não entra e estou aqui como o exército de uma mulher só.
Agora estou mais adaptada e os budistas tem em ajudado enquanto não volto definitivamente ao pó.
Finished fo Today.